A Fogueira de S. João

Largo onde se fazia as fogueiras

Estávamos nos anos 70 do século XX, a azafame para a fogueira de S. João tinha o seu início no final das férias de natal, quando as primeiras árvores já não faziam parte da ornamentação das festas Natalícias.
A mesma decorria entre a esquina da Rua do Negrão e a Rua do Poço, sendo os responsáveis por toda a logística uma equipa de rapazes das citadas ruas, com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos.
A interacção entre graúdos e miúdos era bem visível, os vizinhos não desperdiçavam tão apetecível e indispensável produto e sabiam que mais dia, menos dia, a rapaziada bateria à porta para o recolher e depositar numa casa devoluta situada na Rua do Poço.
A organização e responsabilidade era dividida e assumida por todos os intervenientes, a força e a união vencia os obstáculos. Não existia um elemento no grupo, que faltasse, que fosse irresponsável, pondo em risco o projecto. Nada poderia por acabar com a alegria de saltar a fogueira de S. João e sentir a adrenalina de enfrentar as chamas.
Durante as férias de Carnaval e da Páscoa, para além das brincadeiras de rapazes, era reservado um tempo para coordenar a tão esperada e festejada noite. A Famosa noite de S. João.
Os meses passavam. A primavera chegava e com ela o cheirinho a Verão. Era necessário por mãos à obra e reforçar o pedido perante a vizinhança. Que unindo o útil ao agradável, reconstruía os galinheiros, reservando a madeira para os grandes autores da noite de S. João.
Aos adultos cabia a responsabilidade de incentivar este evento, juntando-se uma grande sardinhada, e canções acompanhadas por violas da terra e violões e entoadas por grandes e pequenos.

João Freitas