O “Navalhão”

John Wayne 1907 - 1979

Naquela tarde de 11 de Junho de 1979, não passaria pela cabeça do nosso grupo a notícia que nos iria assombrar.
O Relvão era o nosso local de eleição para realizar umas bem disputadas partidas de futebol.
As escolhas eram matreiras, os mais pequenos eram os internos apanha bolas, para regalo dos mais velhos.
A meio da partida, um do grupo que chegou mais tarde, trouxe a desolante notícia. O John Wayne tinha morrido.
O mais pequeno do grupo, desconhecendo tal figura questionou:
- Quem é o "Johnowae?"
Claro que a reacção foi impiedosa.
- È “caramelo” não sabes quem é o "Johnowae" Aquele que já fez mais filmes de cowboys.
- Há já sei… o navalhão.
- Esse mesmo.
Assim era conhecido no grupo o nosso ídolo das “cowboiadas".
O jogo terminou, era necessário homenagear o nosso herói, aquele imponente homem com 1,94 de altura, que manuseava a arma como ninguém e com o seu timbre pausado, nos fazia ficar agarrados ao ecrã do cinema.
O resto da tarde foi preenchida com uma agressiva “cowboiada e à noite, todo o grupo foi ao cinema.
O nosso herói já nos tinha sido incutido pelos nossos pais, que nos falavam na sua vinda à ilha de S. Miguel, durante uma viagem que realizou no seu iate particular “Wild Goose”, (ganso selvagem), entre os EUA e Barcelona.
Contavam que a doca de Ponta Delgada estava cheia de gente, e que ele tinha ido para o Relvão comemorar as verbenas com o povo.
Numa entrevista datada 1 de Julho de 1963 no Diário de Notícias na página 3, pode ler-se a razão de tão afamado autor, ter ficado gravado na memória dos micaelenses.
“… Boys, passei cinco dias maravilhosos em S. Miguel, que bonita é a ilha. E que bem me receberam todos! As crianças então quando se cruzavam comigo na rua, sorriam e diziam-me adeus…”.

João Freitas