O Nosso Professor o Srº Gustavo

O grupo da velha guarda

No passado dia 2 do corrente cerca de 50 pessoas juntaram-se, para um jantar de vivências laborais num hotel da nossa cidade.
No centro das atenções estava um homem, o senhor Gustavo Moura.
Um colega de trabalho de longos anos que nos proporcionou a todos ensinamentos únicos, munidos de dignidade, respeito e veracidade. Um director, humanamente correcto, que nos fazia amar e descobrir a nossa profissão, levando-nos a estar atentos às notícias.
A equipa de trabalho era um todo, uno, que sabia que podia contar sempre com o seu colega.
A sua imagem calma e serena, abraçava sempre um desafio, mesmo que fosse considerado um assunto «proibido».
Recordo-me dos meus primeiros dias de trabalho, como repórter fotográfico, o senhor Gustavo, amavelmente sugeriu-me um ângulo para a fotografia que iria ilustrar a notícia.
No dia seguinte quando a mesma foi publicada, elogiou-a. Retorqui timidamente que a ideia tinha sido do mesmo, mas sabiamente, o senhor Gustavo disse que quem tinha a máquina na mão era eu.
A minha mente nunca irá apagar alguns desafios que vivi dos quais, hoje, tenho orgulho.
Certo dia corria a notícia que se encontrava no Porto de Ponta Delgada, cadáveres de um misterioso naufrágio que tinha ocorrido ao largo da Ilha das Flores. Os jornalistas estavam impedidos de entrar no Porto.
O bichinho que o senhor Gustavo, tinha feito crescer em mim, tanto remexeu, que encontrou uma solução. Um amigo tinha carga animal na doca, enfiei-me à socapa na viatura do mesmo e consegui a fotografia.
Quando cheguei à redacção, o meu colega abraçou a iniciativa e fez dela 1ª página.
O senhor Gustavo Moura tinha orgulho na sua equipa e defendia-a, mas para todos nós ele será sempre um professor, um marco no jornalismo açoriano e na nossa história, que poucos se podem orgulhar de ser.

João Freitas