Hóquei em Patins

Ringue da "Rádio-Marconi", finais dos anos 70, onde hoje é o Hotel Lince

Na minha juventude eram várias as modalidades desportivas que nas férias de verão se praticavam. Estas eram transformadas em torneios minuciosamente organizados pelo amigo Luís Miguel Martins. Constituídos por equipas das ruas do Poço, Negrão e travessas da Calheta.
O palco das “jogatinas” era o recreio da escola primária da Mãe de Deus, onde se improvisava um campo de futebol, um ringue de patinagem ou até mesmo uma pista de atletismo.
Existia uma modalidade que era incontornável, o Hóquei em Patins.
Opino que fomos buscar a nossa influência á enorme popularidade que Portugal tinha alcançado de estar entre os melhores do mundo no hóquei em patins (actualmente é o país com maior número de campeonatos do mundo - 15 e da Europa – 20) ás maiores lendas da modalidade os irmãos Olivério e Sidónio Serpa, açoriano, que nos anos 30 e 40 do século XX ajudaram a equipa nacional a conquistar tantas vitórias tal como o campeonato do mundo de 1947 disputado em Lisboa e que foi a rampa de lançamento para uma série de vitórias.
Embora não fossem da nossa geração eram dos nossos pais e do nosso treinador, o pai do Luís Miguel Martins.
O apogeu do Hóquei em Patins deu-se entre os anos 60 e 70, com nomes que ficaram para a historia da modalidade como Júlio Rendeiro, António Livramento, António Ramalhete, Fernando Adrião, João Sobrinho, Vítor Carvalho (Chana), não esquecendo o micaelense Jorge Vicente que aos 14 anos foi chamado a prestar provas no S.L. Benfica e que a partir dai fez uma carreira brilhante no panorama nacional e internacional.
Perante tais influências o futebol era preterido em favor do Hóquei.
Nos nossos torneios era tudo improvisado as balizas, as luvas, o equipamento de guarda-redes, as caneleiras feitas de cano de PVC, os setiques, a bola etc…
A vontade de jogar superava tudo até mesmo com os patins que se trocava, durante as substituições com o companheiro que não tinha, o jogo era interrompido para a troca de patins. Muitas vezes um par de patins dava para dois jogadores, um em cada pé.
Assim era a camaradagem da minha juventude que certamente contava com a educação dos pais, que muitas vezes nos ajudavam nos preparativos dos equipamentos, não esquecendo o srº António Martins treinador de hóquei e pai do referido Luís Miguel que estava sempre pronto a nos transmitir alguns conhecimentos da modalidade.

João Freitas