A Super Avó

Eu e a minha Avó

A minha avó era natural das Sete Cidades, desde nova aprendeu a viver uma vida rude, onde não havia espaço para ela.
Na sua juventude entre três a duas vezes por semana, tinha que fazer a caminhada das Sete Cidades a Ponta Delgada. A mesma tinha por objectivo a venda de carvão, a recolha de roupa para lavar e entregá-la engomada.
O burro carregava o carvão para os habituais senhores da cidade, no regresso a roupa para lavar substituía o carvão.
O animal servia apenas para carga. A minha avó percorria todo o caminho a pé, a jornada iniciava pelas 5 horas da manhã e terminava aproximadamente ás 23h00.
Mulher determinada imigrou para a América.
Após uma temporada regressou mais dura do que tinha partido. A vida tinha sido madrasta para ela, mas deu-lhe uma determinação destemida que a fazia enfrentar os problemas de frente.
Certo dia na Rua do Poço, onde me criei, estava a brincar mais um grupo de amigos. A brincadeira acabou em briga, e batemos num amigo.
O mesmo foi para casa a correr a contar ao pai o sucedido.
Contrariamente á maioria dos pais daquela altura, que nos ensinavam a defender, não interferindo nas nossas brigas, o pai irritado bateu-me e ao meu amigo Nini.
Fomos para casa a chorar. A minha avó perguntou o que se tinha passado. Contamos que o sargento Franco tinha-nos batido.
Mulher de garra a minha avó agarrou-nos pela mão e desceu a rua enfurecida.
Bateu na porta do sargento e perguntou-lhe se achava bem a atitude que tinha tido, que as crianças tinham-se que saber defender-se uns dos outros.
O sargento portou-se mal com a minha avó e desafiou-a, ela retorqui se ele gostava que ela lhe bate-se como ele tinha feito com as crianças. O mesmo incentivou-a desafiador de cumprir com o acto. A minha super avó não esteve com meios termos, cerrou os punhos, puxo a mão atrás e deu um valente soco no sargento, que o projectou fazendo-o tombar.
Se todas as crianças e jovens tivessem uma super avó como a minha nunca se sentiriam desprotegido.

João Freitas