Coração em Deus e Mãos ao Trabalho

O Padre Flores numa das minhas exposições de fotografia - 1997.

Amado pelos afortunados que tiveram o prazer de o ter como amigo, ou por quem o conhecia, faria hoje 80 anos se estivesse vivo o amigo João Caetano Flores.
O Padre Flores como era conhecido, foi uma grande figura, homem de pequena estatura e de fraca saúde, mas grande na criatividade e trabalho, deixou uma obra inigualável na freguesia da Ribeira Chã, fazendo jus ao lema da bandeira que idealizou “Coração em Deus e mãos ao trabalho”.
Notabilizou-se pela simultaneidade da vida sacerdotal e o sócio cultural.
Um sacerdote exemplar que soube exercer o seu trabalho com a modéstia que o caracterizava ao longo dos 42 anos em que serviu a Igreja, mas também um homem sempre pronto em alimentar e a incentivar iniciativas culturais.
Da sua obra notável ficou, a igreja paroquial da Ribeira Chã, a biblioteca, a cantina paroquial, o dispensário materno-infantil, os museus de arte sacra, do vinho, etnográfico, agrícola, o quintal etnográfico e de endemismo Açórico, o jardim de infância, o complexo desportivo e polivalente, a casa de artesanato e de convívio de idosos, a casa dos presépios, foi também o autor e criador das feiras gastronómicas e ainda um sem números de exposições de diversos temas, publicou vários livros e revistas.
Nasceu na Fajã dos Vimes, freguesia de São Tiago da Ribeira Seca, concelho da Calheta, ilha de São Jorge, foi ordenado Sacerdote na Sé de Angra em 22 de Maio de 1956.
Por provisão do Bispo D. Manuel Afonso de Carvalho foi nomeado coadjutor no curato de São José da Ribeira Chã a 24 de Outubro de 1956, onde chegou a 10 de Dezembro de 1956 e onde veio a falecer a 2 de Dezembro de 1998.
Para além de uma estátua, a Ribeira Chã lembra o Padre Flores na toponímia, dedicando-lhe uma das suas ruas e dando o seu nome á escola EB/JI.
Como amigo sinto falta da sua presença nas tardes de Domingo, já tinha predefinido a sua poltrona, instalava-se confortavelmente numa amena conversa. Sempre que a mesma derivava para a cultura pedia à minha esposa para ir ao seu carro ou seja ao “carro dos ciganos” como o intitulava, pela desordem que reinava entre os papéis e as relíquias que conseguia para os seus museus.

João Freitas