Por Amor ao Clube

A imagem testemunha a diferênça entre ontem e hoje. Barraca fechada e ausência de público

É impossível recordar o futebol açoriano dos anos 60 e 70, sem o associarmos ao emblemático campo de jogos Marquês Jácome Correia.
A nostalgia dos ex jogos no últimos tempos tem sido uma companheira inseparável, talvés pelo facto de hoje o meu interesse pelo futebol ser quase reduzido.
Quem nasceu e cresceu na Calheta Pêro de Teive, aprendeu a amar o futebol e o Marítimo Sport Clube de uma forma natural, pois jamais poderia ser de outro clube.
Longe vão os tempos em que se jogava por amor á camisola, que se “torcia” pelo nosso clube sem interesses económicos associados.
Os jogadores eram autênticos heróis porque para além de jogarem por gosto, tudo faziam para merecer o carinho e afecto dos seus adeptos.
Muitos eram os jogadores que chegavam a comprar as botas que pisavam os campos de futebol.
Recordo os Domingos em que o Jácome Correia enchia de gente, ávida de alegria.
Os jogos iniciavam de manhã com os juniores seguindo-se as reservas e finalmente os seniores.
Ainda vislumbro o ambiente que envolvia os jogos. Existiam dentro do recinto quatro tascas, os vendilhões de favas, amendoins e pevides a percorrer o campo de lés a lés com as suas canastras, a alegria e euforia que envolvia os adeptos mais afoitos.
Não existia clube digno que não tivesse um adepto ferrenho, conhecido entre os do clube e pelo público em geral. O Marítimo Sport Clube tinha o “come sabão” que gritava eufórico durante todo o jogo “… carrega Marítimo….carrega Marítimo…” quer este esteve-se a ganhar ou a perder.
Penso que o apelido lhe devinha do facto de ser extremamente rouco.
Áureos eram os tempos em que a freguesia inteira defendia o seu clube.
Recordo que o meu padrinho Adroaldo Garcia, quando foi dirigente do Maritimo, levava um gravador portátil, com uma cassete das marchas de John Philip Sousa, para os balneários para elevar e manter o ânimo entre os jogadores.
Antigamente valia mais uma bota de ouro ( abraço de um adepto ) que uma conta bancária recheada.

João Freitas