Natal sem Cheiro

Presépio com cheiro

Estamos a dois dias da noite mais comemorada no nosso país, a noite onde a família se reúne para comemorar o nascimento do menino Jesus.
Será que o Natal ainda é a festa da família? Será que as crianças ainda acreditam no pai natal como no meu tempo?
Ainda me lembro do Natal, há muito tempo atrás, quando era uma criança, o Natal parecia uma festa maior, mais feliz e emocionante, onde naquela noite mágica todos os miúdos ansiavam pela chegada do pai natal.
Antigamente o Natal era sem dúvida mais pobre, sem as comodidades do século XXI, sem as mesas recheadas de hoje e sem os brinquedos com a tecnologia que os miúdos já não dispensam, mas era sem dúvida uma festa que todos aqueles com mais de 40 anos como eu devem recordar com nostalgia.
O Natal de algum tempo tinha um espírito diferente, era tudo feito com mais empenho e dedicação, as casas muitos dias antes da noite da consoada cheiravam a Natal, a fruta da época como o ananás a tangerina ou a mandarina inundavam os lares com o seu agradável cheiro, coisa que hoje em dia já não acontece, os presépios eram feitos a preceito, com os bonecos de barro, as casas de cartão, as pedras e o musgo natural a ornamentá-los, presépios que nada têm a haver com os actuais de plástico.
Hoje, o Natal igual ao da minha infância já não existe. Contavam-se os dias e as horas da chegada do Pai Natal, as famílias reuniam-se num convívio prolongado, fazendo da noite de Natal uma noite especial, onde reinava a harmonia, paz e amor. As famílias ainda se juntem á mesa, é verdade, os mais pequenos ainda vão apreciando as prendas, mas a consoada é feita apressadamente em cerca de 10 minutos, faz-se a refeição como se estivéssemos num jantar diário. O Pai Natal distribui as prendas aos mais pequenos, estes abrem os presentes tão rapidamente á espera de mais e mais, pois pediu-se muitos brinquedos e não apenas um, a rapidez é tal que o papel do pai natal fica quase sem importância. Tudo é feito numa correria como no quotidiano, as prendas por mais ricas que sejam já não têm o encanto de outros tempos onde um carro de “folheta” ou uma boneca de trapos fazia uma criança feliz.
Desejo a todos um Santo Natal na companhia dos seus.

João Freitas