Passagem de Ano

Fogo de artifício
Estou recordado quando nos anos oitenta eu e os amigos fazíamos contas para ver a idade que teríamos na passagem do século. Os anos passaram tão rapidamente que nem demos por isso e já vamos entrar na segunda década do século XXI.
Daqui a dois dias estamos outra vez a comemorar o ano novo, que no mundo inteiro festejasse com fogos de artifício, buzinadelas, apitos e gritos de alegria, em hotéis, casinos, avenidas, praças, ruas ou em salas de baile. A tradição é muito antiga e, dizem, que serve para enterrar o ano velho e receber o ano novo.
Todos os anos na noite da passagem de ano a nossa cidade veste-se de gala para receber o novo ano, milhares de pessoas enchem a praça Gonçalo Velho e a avenida Infante D. Henrique, para assistirem ao já tradicional fogo de artifício e abrirem centenas de garrafas de espumante enquanto desejam um bom ano aos familiares e amigos, no entanto esta tradição nem sempre foi assim.
Enquanto criança, as minhas passagens de ano eram um pouco diferentes, embora com o mesmo sentido dar as boas vindas ao ano novo e despedir do velho.
A noite começava com um jantar entre os amigos dos meus pais, em casa ora de uns ora de outros, os miúdos como eu, quase sempre jantavam á pressa para poderem ir brincar e rebentar as bombinhas que naquela altura eram muito usual e acima de tudo para ir ver passar a tradicional corrida de São Silvestre, que hoje em dia é no dia 18 de Dezembro vai-se lá saber porquê.
Pouco antes da meia noite a manifestação espontânea dos vizinhos era notória no lançamento de fogo de artifício, muitas vezes com simples queimar de palha de aço que dava um efeito muito colorido, era também usual o bater de tampas de panelas da cozinha para fazer barulho, era uma forma de comemorar o Ano Novo na minha infância onde não havia o que se diz hoje de tradicional fogo de artificio de Ponta Delgada.
Após a comemoração na nossa rua eu, os meus pais e os amigos agarrávamos numas garrafas de espumante e íamos ter com o senhor José Teixeira, taxista que trabalhava naquela noite para servir os seus clientes do Clube Micaelense, ao largo norte da Matriz para lhe desejar os bons anos.
Recordo como se fosse hoje, não se via aglomerados de pessoas a comemorar o ano novo, apenas o nosso grupo.
Muitas vezes questiono-me se não terá sido este grupo de amigos que deu origem á tradição de se ir para as portas da cidade.
A todos votos de um ano repleto de saúde.

João Freitas