Quando a Necessidade Obrigava

O Livro que ensinou gerações
Já dizia Luís de Camões, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”… Esta frase tem-se demonstrado oportuna ao longo dos tempos e na minha opinião não poderia estar mais certa que nos tempos de hoje.
Antigamente não vivíamos numa sociedade de consumo desenfreado. Aproveitava-se contrariamente aos nossos dias.
Os avanços científicos e tecnológicos multiplicam o tipo de indústrias, surgindo uma variedade imensa de produtos e serviços num mercado cada vez mais complexos e sofisticados, o que dão ás populações uma significativa melhoria das suas condições de vida.
Tudo isto é verdade e é de salutar, no entanto nos dias difíceis que temos vivido, mundialmente, leva-me a querer que a situação se irá alterar. Que os consumidores passarão a ser mais conscientes perante as dificuldades com as quais cada um de nós se irá deparar.
Esta semana ouviu na RDP-Açores, alguém ligado ao ambiente numa rubrica chamada “1 minuto pela terra”, apelar para o uso de faldas de pano como no tempo em que me criei. Como é lógico á primeira vista isto no século XXI não tem cabimento, mas após ouvir as explicações e justificação do ambientalista, até tem toda a lógica e deveria ser tida em conta. Uma criança até aos 2 anos e meio de vida consome quase 2 toneladas de faldas, é de ficar apreensivo.
Quando era criança, tudo era reciclado, pois a necessidade também assim obrigava. Havia um maior apego material, até porque as dificuldades eram acrescidas e era necessário rentabilizar, reciclando.
Quem não se recorda das roupas passarem dos irmãos mais velhos para os mais novos, virarem-se os casacos do avesso, as golas das camisas, transformar uma peça de vestuário noutra, das idas ao “Silva PIPI” para levantar as malhas caídas das meias.
Os livros escolares, extremamente cuidados, como por exemplo o da 1 classe, pois serviam pelo menos 2 gerações.
Naquele tempo era usual ouvir a passagem do amolador de facas e tesouras que se fazia anunciar com um som característico proveniente de uma "gaita de beiços", era a oportunidade de reparar as varetas dos guarda chuvas, a loiça de barro partida que era reparada com uma espécie de grampos, rebitar as tampas das panelas, amolar tesouras ou facas etc.
Família séria e honesta trabalhava a prol do sustento da mesma, cultivavam-se os quintais, criavam-se animais domésticos, cozia-se o pão.
Estou ciente que a história irá repetir-se, adaptada aos tempos de hoje.

João Freitas