Peregrinos de Maria

Mais um ano cumpre-se a tradição
Romeiro, Romeiro... quem és tu?! Ninguém!
Na obra de Almeida Garrett, “Frei Luís de Sousa” de 1843 esta frase ficou famosa e teve um impacto que durou até hoje, não podendo estar mais adaptada à realidade dos romeiros desta ilha, na sua humilde caminhada atravessando de lés a lés, durante sete dias, por caminhos, atalhos e carreiros da ilha de São Miguel.
Esta prática de se reunir um grupo de homens de quase todas as freguesias da ilha é a principal manifestação religiosa dos Açores.
O seu início remonta a 22 de Outubro de 1522, após o terramoto de Vila Franca do Campo, tratava-se de uma manifestação espontânea das populações.
Os moldes atuais organizativos surgiram após a guerra do Ultramar.
O Bispo dos Açores Dº António de Sousa Braga afirmou que a Romaria não se explica, vive-se. Na realidade não é fácil transmitir as emoções que se vivem entre os irmãos. Embora nunca tenha participado numa romaria, durante anos tenho acompanhado grupos de romeiros, fotografando-os, no ambiente que envolve os romeiros sente-se uma paz, serenidade, igualdade e ajuda mútua na dor da penitência. Esta ambiência transpira para a população que acolhe os romeiros nas suas casas e nos que os aguardam nas estradas e ruas das freguesias para pedirem orações.
Na minha família tenho um exemplo desta envolvência, a minha mãe anualmente no dia anterior ao dia da família, quando os romeiros se reúnem com os seus, faz uma refeição para todos os irmãos do rancho das Sete Cidades.
A Romaria na minha opinião deverá ter uma continuidade anual nas ações dos romeiros. Tomemos como exemplo o Rancho de Romeiros de S. Pedro de Ponta Delgada que já fundaram o Museu do Romeiro e estão a angariar roupas para mandar para a Guiné Bissau.
Infelizmente já têm acontecido alguns acidentes de viação com ranchos de romeiros, nunca é demais deixar aqui um apelo a todos os condutores para terem uma condução mais atenta e moderada principalmente de madrugada, pois diariamente ás 04h00 da manhã os romeiros já se fazem á estrada.
João Freitas