Ladainhas, Rezas e Mezinhas


Especiarias do oriente, muito usadas na medicina popular
Como todos nós sabemos, Portugal foi um país que deu um contributo essencial para delinear o mapa do mundo, com os descobrimentos marítimos portugueses entre 1415 e 1543 que começaram com a conquista de Ceuta na África.
A nossa cultura, a nossa gastronomia, as nossas crenças e as nossas mezinhas caseiras certamente que sofreram influência trazida pelos marinheiros das terras onde andaram ou descobriram para o mundo que somos hoje.
O povo português nos seus costumes, crenças e tradições sempre souberam aproveitar o que de bom aprenderem com outros povos, os Açores não são excepção como é do conhecimento geral somos uma região de emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Destes conhecimentos que vieram tanto das Índias como do novo mundo ou dos países africanos, muitos dos costumes de que hoje em dia ainda prevalece e de que todos nós recordamos na nossa memória, como as rejas e mezinhas.
O mar trouxe-nos o sabor das especiarias, o oiro do Brasil mas também o olhar triste de um povo acostumado a despedir-se dos seus entes queridos.
As mezinhas são quase tão antigas como a existência da humanidade.
Ainda me lembro, quando havia alguém com uma dor de cabeça muito forte, descascavam-se quatro ou cinco rodelas de batatas, envolviam-se num pano e colocavam-se em contacto directo à volta da cabeça. Por coincidência ou não o que é certo é que as dores de cabeça passado um bocado passavam. A medicina tradicional tem prevalecido ao longo de séculos e contribuído para o nosso bem-estar. Não devemos subestimar a sabedoria popular.
As rezas fazem parte do nosso quotidiano exemplificando após amassar o pão ou malassadas faz-se uma cruz sobre a massa sovada e em simultâneo diz-se “Pai, Filho e Espírito Santo”, á noite as crianças pedem ao anjo da guarda para os guardarem de noite e de dia.
A palavra ladainha vem do grego e significa súplica. Mas desde o início da Igreja ela foi utilizada para indicar não quaisquer súplicas, mas as que eram rezadas em conjunto pelos fiéis que iam em procissão às diversas igrejas. Há, naturalmente, numerosas ladainhas, dependendo do que é pedido nas diversas procissões.

João Freitas