Brinquedo de lata (folha-de-flandres)
Nos longínquos anos sessenta e setenta muitos jogos e brincadeiras animavam o dia a dia das crianças e adolescentes, como por exemplo os tão famosos io-iô, cubo mágico, lego de construções, carros de corda, ula ula, skate etc…
De todos esses brinquedos eu tive a felicidade de brincar, mas realmente dos que hoje tenho as maiores recordações são sem dúvida dos que a minha geração tivemos o engenho de construir, com os poucos recursos, matéria-prima ou ferramentas que na altura possuíam-mos.
Toda a nossa vida é um somatório de memórias, mas aquelas que possivelmente nos fica no nosso coração serão quase sempre as memórias da nossa infância.
Eram tempos em que não havia consolas de jogos, nem muito menos computadores, os brinquedos eram escassos e, guardavam-se religiosamente depois de cada “brincadeira” e se assim não fosse hoje não teria alguns deste brinquedos quase como novos para poder recordar.
Quem não se lembra de construir os tão apreciados papagaios de papel, feitos com cana e papel de seda colorido, colados com cola cisne, que o resultado final era quase sempre um êxito, quase sempre porque de vez em quando os fios de electricidade que atravessem as ruas por vezes eram um entrave ao voar da brincadeira.
Mas não era só os papagaios de papel que se construía, eram as fisgas (fundas), o stick e as mascaras de guarda-redes de hóquei em patins, os carrinhos de esferas, os arcos e flecha a imitar o Robin Hood e muito mais, como por exemplo no verão as embarcações que se construía para navegar no porto da Calheta e que não passava mais do que uma câmara de ar de um pneu de tractor que na sua base era fechada com tábuas bem amarradas com corda de sisal e que dava uma embarcação segura e espaçosa.
De todos estas construções feitas de materiais reciclados, os carrinhos de esferas era a que tinha maior sucesso, construído por uma engrenagem artesanal de madeira e quatro rolamentos que nós chamávamos de esferas.
Actualmente tudo isso se perdeu, as crianças passam a maior parte do tempo á frente da televisão ou de um computador.
Por vezes interrogo-me se todas estas coisas boas que eu vivi na minha infância, não seria uma boa atividade lúdica para os país ensinarem aos seus filhos.
João Freitas
João Freitas