A Imprensa Regional

Laboratório fotográfico, é bem visível a falta de condições.

Os Açores há mais de século e meio é rico em edições de jornais diários, semanais e mensais bem como de revistas culturais em dezenas de títulos que têm acompanhado a evolução dos tempos e os aspectos sócio económico e culturais. Embora se tenha perdido a maioria dos títulos.
Desde 1980 tenho colaborado com alguma regularidade com jornais e revistas, durante este percurso assistiu á evolução desde o chumbo até ao digital.
O jornal Açoriano Oriental fez parte do meu percursos profissional, como paginador e fotógrafo, durante alguns anos.
O ambiente de trabalho era de inter-ajuda. Embora os recursos tecnológicos fossem bastante limitados não abaixávamos os braços, arregaçávamos as mangas e solucionávamos qualquer percalço que surgisse.
As nossas limitações aguçavam a nossa imaginação e capacidade de desenrasque. Não nos podíamos dar ao luxo de esperar que um técnico chega-se de Lisboa ou do Porto para resolver o assunto.
Por vezes as correias das máquinas partiam e eram substituídas por meias de senhora.
O jornal não podia deixar de estar nas bancas no dia seguinte, nem que para isso tivéssemos que ficar até de madrugada. Só saiamos quando a nossa tarefa diária estivesse terminada. Estas horas a mais eram passadas num ambiente responsável mas extremamente animado, onde imperava a boa disposição. As horas passavam sem darmos por elas, era um prazer trabalhar com uma equipa que só tinha em mente orgulhar-se da empresa onde trabalhava.
O jornal Açoriano foi assolado por 2 vezes por um incêndio que destrui parcialmente as oficinas, perante tal desgraça não se ficou a chorar sobre o leite derramado, arranjou-se uma máquina e no outro dia o jornal estava nas bancas, embora com apenas quatro páginas.
Entre todos nós existiam figuras carismáticas que nunca esquecerei. O João Paulo e eu fazíamos uma parelha única, um fazia o outro compunha, as partidas entre colegas em geral eram bem aceites.
O professor Andrade e o senhor Lima, homens de um profissionalismo, difícil de se encontrar nos nossos dias, munidos de uma cultura geral invejável eram as nossas referências.
O tempo que trabalhei no jornal Açoriano Oriental constitui para mim uma lição enriquecedora que ainda hoje faço uso da minha aprendizagem.

João Freitas